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Percepção do Tempo Em Tempos de Pandemia

  • renatoseven77
  • 15 de abr. de 2021
  • 2 min de leitura

Hoje me deslocando pelas as ruas em um ônibus, eu estava refletindo sobre a passagem do tempo, ao ver alguns arbustos secos pela janela, sob um sol tirânico. Outrora, em tempos onde uma pandemia não assolava a humanidade, a percepção do tempo estava conectada a vários elementos. Ora, elementos esses ligados a natureza e suas manifestações, como a observação das mudanças das estações, através das árvores, jardins e do clima. Seja no percurso ao trabalho, escola, faculdade ou até mesmo ao lazer.

Ainda inserido na natureza, há o elemento humano, subvertente essencial de percepção do tempo. Em tempos de isolamento não existe mais o contato físico das celebrações como os aniversários, casamentos, festas, contatos simples da rotina e até mesmo os funerais. Todos esses eventos eram marcos para a nossa concepção de tempo, um compromisso social de gerações. Contínuo mas agora, interrompido, moído e esfarelado na realidade virtual que supõe suprir, mas não supre.

A falta marca seu lugar na fila da saudade. O contato virtual é aquele pão de ontem, meio amassado e seco, que o capitalismo amassou e que o Covid-19 nos forçou goela abaixo. Sim, as redes sociais ainda nos lembram das datas festivas e ainda é possível comemorar virtualmente, com cada um seguro em seu espaço. Realmente, ajuda a diminuir a saudade, mas não supre e tão pouco supre a nossa percepção do tempo.


Para alguns, o tempo está mais lento, para outros mais rápido. Para muitos os rituais das rotinas foram congelados no tempo, outros perderam pessoas queridas que os identificam e os localizam no tempo, para outros o tempo continua o mesmo e infelizmente para muitos, não houve mais tempo. De toda forma, o tempo não mudou, permanece o mesmo, ceifador de cada momento, inclusive do agora. O que mudou, foram nossas percepções desse devir. Mudança essa que reflete em toda gama de afetos, saúde e bem estar em nossas vidas. Uma mudança no Real, para toda a vida, para nunca mais ser como antes.

Texto por Renato Neves, 02/02/2021. - Psicólogo Clínico - CRPMG-04/62107.



Arte por Adrien Van Utrecht, título e ano de criação desconhecidos.


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